Inicio »
» OPERAÇÃO MIGRADOR : POLICIA FEDERAL PRENDE MAIS DE 20 ENVOLVIDOS ONDE A MAIORIA É DO ESTADO DO PARÁ
Após investigações iniciadas em 2015, a
Polícia Federal conseguiu desarticular uma gigantesca organização
criminosa que causava prejuízo fiscal e ambiental com extração
clandestina de manganês nos estados do Pará, da Bahia e do Espírito
Santo. A pressão ilegal sobre o meio ambiente, por parte do grupo,
causou prejuízo de R$ 87 milhões, mas a farra chegou ao fim com 24
pessoas presas., por meio da Operação Migrador, deflagrada na manhã da
última terça-feira (6). A maioria das prisões no Pará aconteceram em
Marabá e em Parauapebas.
Foram cumpridos 111 mandados judiciais expedidos pela 2ª Vara da
Justiça Federal de Marabá, sendo 24 mandados de prisão preventiva, 29
mandados de busca e apreensão, 52 mandados judiciais de bloqueio de
contas bancárias e sequestro de bens e seis ordens judiciais de
suspensão das atividades econômicas das empresas investigadas.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos nas
cidades de Marabá, Parauapebas, Curionópolis, Eldorado do Carajás, Canaã
dos Carajás, Salvador (BA) e Vila Velha (ES).
Durante coletiva à Imprensa de Marabá, os delegados federais Ricardo
Viana e Rômulo Rodovalho explicaram que os crimes combatidos na operação
vinham causando um grande desastre ambiental na região.
As investigações, segundo o delegado Ricardo Viana, tiveram início no
ano de 2015, após a deflagração da Operação Buriti-Sereno, com
apreensão de uma série de maquinários e também de minérios. “Mas a gente
não tinha entendido como as coisas funcionavam; com o avançar das
investigações a gente descobriu que tinha um grupo bastante articulado e
com elevado poder econômico para promover esse tipo de atividade”,
relatou.
Com a análise dos documentos e informações coletadas, além de
diversas ações investigativas realizadas, constatou-se que existe na
região uma verdadeira ação articulada de pessoas e empresas para
extração, beneficiamento, transporte e exportação de minério, através da
falsificação de documentos públicos e fiscais, com o intuito de dar
aparência de licitude a atividade criminosa.
As diligências apontam que um grupo de empresas e pessoas físicas vem
de forma reiterada usurpando minério de manganês extraído, sem
autorização dos órgãos competentes, nas regiões conhecidas como Vila
União, em Marabá, e nas serras do Buriti e Sereno, localizadas entre os
municípios de Curionópolis e Parauapebas.
COMO FUNCIONAVA
Essas empresas que foram montadas tinham objetivo de obter
determinadas licenças para, a partir disso, pudessem exportar esse
minério para fora do Brasil, sobretudo para a China, Singapura, Estados
Unidos e México.
“Muito da documentação que foi obtida por essas empresas foi de forma
fraudulenta, através da falsificação de licenças de operação”, explica o
delegado Ricardo Viana, acrescentando que a mesma documentação para uma
determinada área era usada para esquentar explorações ilegais em várias
outras regiões, tudo isso com a conivência de servidores públicos
ligados ao setor.
De acordo com levantamentos preliminares realizados, a quantidade de
manganês extraída, assim como os prejuízos causados pela extração
clandestina decorrentes do não pagamento de tributos, e ainda os danos
ambientais provocados, causaram prejuízos da ordem de aproximadamente R$
87 milhões.
Os investigados responderão pelos crimes de usurpação de bens da
união, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade
ideológica e uso de documento falso. Ao todo as penas pelos crimes
investigados podem alcançar mais de 30 anos. Os presos serão
encaminhados para presídios das cidades de Marabá, Salvador e Vila
Velha, onde ficarão à disposição da Justiça Federal.
AVENIDA PAULISTA
Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, um dos presos na
operação é responsável pela segunda ou terceira maior mina de manganês
do país. Ainda segundo o delegado Ricardo Viana, quem viaja pela estrada
que dá acesso a Serra Pelada, dependendo do horário do dia, a impressão
que se tem é que se está na Avenida Paulista no final do dia, tamanho o
trânsito de caminhões.
“Essa ação foi imperativa, pois tínhamos que fazer, porque da forma
como estava não dava pra continuar, era uma esculhambação generalizada,
tinha muita gente ganhando dinheiro à custa de outros”, relata o
delegado, acrescentando que a exploração era feita de forma precária, em
desrespeito a legislação ambiental, fiscal e trabalhista. (Chagas Filho
com informações de Nathália Viegas e Ascom/PF)
0 comentários:
Postar um comentário