O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA), comemora um fato inédito na medicina da Região Norte do Brasil.
Na última quinta-feira (21), a equipe cirúrgica realizou um procedimento
raro e inovador, de alta complexidade, em uma paciente oncológica: a
perfusão de membros. O procedimento possibilitou a regressão de tumores e
evitou que a paciente precisasse passar por amputações. A cirurgia foi
realizada com a participação de diversos profissionais e também fez uso
da medicina nuclear. Nesta quinta-feira (28), está programada a alta
hospitalar da paciente.
Antes
Luziane Rodrigues da Silva, de 20 anos, tinha um tumor em estado
avançado para ser retirado cirurgicamente. “Ela já havia realizado
tratamento com quimioterapia e radioterapia e não teve regressão do
tumor, então precisávamos de alternativa para tentar preservar o membro.
A única alternativa que podíamos fazer era utilizar uma dose de
quimioterapia muito maior do que o normal, o que não seria suportado por
ela caso fosse feito pelo nível sistêmico, ou seja, passasse pelo corpo
todo”, explicou o cirurgião coordenador da equipe, Marcos Fortes.
Depois
imeiro hospital
público do Brasil a obter o selo “Materiality Disclosures”, emitido pela
Glob
Luziane comemora o resultado. “Eu fiquei muito aliviada. Quando abri os
olhos, após a cirurgia, e o dr. Marcos falou que havia sido um sucesso,
me emocionei muito. Eu agradeço muito a Deus, primeiramente, e a ele,
que se esforçou para realizar esse procedimento. O passo final será a
realização de outra cirurgia para retirar o tumor”, contou a paciente.
O procedimento teve como objetivo, isolar a circulação sanguínea da
perna do restante do corpo, para que ocorresse a aplicação do
quimioterápico. A temperatura do membro também foi elevada (próxima aos
40°) para obter uma resposta mais rápida. “O procedimento faz com que
tenhamos uma resposta positiva de redução entre 20% a 40% no tamanho do
tumor e permitir, com isso, que posteriormente seja possível operar e
retirar o tumor sem precisar amputar a perna”, afirma Fortes.
Para realizar o procedimento com êxito, foi preciso contar com
profissionais de diferentes áreas de atuação. “Não tínhamos contato com
esse procedimento, mas foi muito bem preparado previamente. Conseguimos
colocar esse membro com uma circulação isolada, ocorrendo uma perfusão
isolada da circulação sistêmica da paciente para facilitar a chegada do
quimioterápico a perna”, diz o cirurgião vascular Adelso Pedroza.
Após o isolamento, a circulação sanguínea passou a ser realizada fora do
corpo, com auxílio de uma máquina que realiza o trabalho como se fosse o
coração. O perfusionista, Igor Oliveira Valente, foi o responsável por
operar a máquina de circulação extracorpórea. A paciente ficou com duas
circulações diferentes, uma só para a perna, com a medicação, e o
restante do corpo, sem o quimioterápico. “A importância da perfusão
seletiva do membro é mantê-lo oxigenado sem dano tecidual enquanto é
infundido o quimioterápico junto com o volume normal da bomba, para
facilitar a circulação da medicação no membro que está com lesão”,
detalha Igor.
O monitoramento, tanto da circulação sanguínea quanto da temperatura
corporal, é fundamental para garantir a segurança da paciente, já que a
alta dose de medicação poderia ser fatal, se circulasse pelo corpo
inteiro. “É uma cirurgia de altíssima complexidade, com muitas pessoas
envolvidas. E a esperança é de que o resultado seja positivo”, finaliza
Marcos Fortes. O procedimento durou mais de 3 horas.
HRBA
O Hospital Regional do Baixo Amazonas atende casos de média e alta
complexidades e presta serviço 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Norte do País, o hospital avança em serviços de saúde, com a
implantação de programas de transplantes renais, cirurgias cardíacas e a
consolidação do tratamento oncológico. A unidade atende uma população
estimada em mais de 1,1 milhão de pessoas, residentes em 20 municípios
do Oeste do Pará.
O HRBA é uma unidade pública e gratuita de saúde, pertencente ao Governo
do Pará e administrado, desde 2008, pela Pró-Saúde Associação
Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão
com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
No Norte do Brasil, foi o primeiro hospital público a obter o
certificado máximo de qualidade, a ONA 3 – Acreditado com Excelência,
concedido mediante o cumprimento das melhores práticas hospitalares e de
qualidade assistencial. O HRBA também se tornou o pral Reporting Initiative (GRI).
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