Brasília –O
dia começou tenso e com confrontos entre militares e manifestantes na
fronteira do Brasil com a Venezuela, que foi fechada por ordem do
presidente venezuelano, Nicolás Maduro. De acordo com parlamentares,
duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas. Pelo menos sete venezuelanos
baleados foram conduzidos para hospitais em Boa Vista, Roraima. As
vítimas são indígenas, segundo parlamentares e organizações não
governamentais.
O conflito, segundo relatos, ocorreu a 60 quilômetros da fronteira onde há uma comunidade indígena da etnia Pemon,
favorável à ajuda humanitária internacional. Como os indígenas tentaram
desobstruir a via, impedida pelos militares venezuelanos, os confrontos
começaram.
Pessoas esperando para atravessar para a Venezuela em
frente aos guardas nacionais venezuelanos na fronteira entre a Venezuela
e o Brasil em Pacaraima. – Ricardo Moraes/Reuters/direitos reservados
A Secretaria de Saúde de Roraima informou que os cinco feridos foram
baleados e transportados em ambulâncias venezuelanas autorizadas a
cruzar a fronteira. Eles estão sob observação médica no Hospital Geral
de Roraima. Segundo a secretaria, cinco pacientes tiveram de passar pelo
centro cirúrgico. Os demais venezuelanos foram atendidos no setor do
Grande Traumas e permanecem em observação.
Mortos
Em sua conta no twitter, o deputado federal Americo de Grazia,
apoiador do autoproclamado presidente da República, deputado Juan
Guaidó, divulgou que dois índios morreram e 15 ficaram feridos durante o
enfrentamento com tropas das Forças Armadas, na cidade de Gran
Sabana, em Bolívar, próximo à fronteira com o Brasil.
De acordo com a associação civil Kapé Kapé, os cinco feridos são
indígenas da comunidade de Kumarakapay. As duas vítimas fatais são
identificadas como Zoraida García e Rolando García, que a associação
afirma terem sido atingidos por tiros disparados por agentes da Guarda
Nacional venezuelana.
“Sem qualquer mediação, os funcionários da Guarda Nacional abriram
fogo contra um grupo indígena que tentava impedir a passagem dos
militares a fim de garantir a chegada da ajuda humanitária enviada à
fronteira com o Brasil”, informa a Kapé Kapé em seu site, pedindo que os
fatos sejam investigados a fundo a fim de que os responsáveis pelos
disparos sejam identificados.
Justificativa
Pessoas caminham para tentar atravessar a fronteira entre a Venezuela e o Brasil em Pacaraima. – Ricardo Moraes/Reuters/Direitos reservados
Após o confronto entre manifestantes e militares, Maduro usou sua
conta no Twitter para defender os efetivos repressivos. “Nossas Forças
Armadas estão mobilizadas em todo o território nacional para garantir a
paz e a integral defesa de nosso país. Todo meu respaldo as Redi
[Regiões de Defesa Integral] e às Zodi [Zonas de Defesa Integral]”,
escreveu Maduro, afirmando, em outra postagem, que, na fronteira com a
Colômbia, “povos indígenas se concentraram em apoio à Revolução
Bolivariana”.
O autoproclamado presidente Juan Guaidó também usou o microblog para
se solidarizar com os parentes dos dois mortos e com os feridos. O
deputado também cobrou um posicionamento dos militares venezuelanos.
“Decidam de que lado estão nesta hora definitiva. A todos os
militares: entre hoje e amanhã, vocês definirão como querem ser
lembrados. Já sabemos que estão com o povo, vocês deixaram isso muito
claro. Amanhã, poderão demonstrar isso”, disse Guaidó, referindo-se à
previsão de que a ajuda humanitária enviada à fronteira com o Brasil
comece a ser distribuída à população venezuelana neste sábado (23).
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